Saturday, September 30, 2006

Lulândia, Lulareich ou o quê?

Amanhã acontecerão as eleições presidenciais no Brasil. Se as pesquisas de opinião estiverem certas, Lula será reeleito no primeiro turno. Mesmo que não o seja, as possibilidades são extremamente elevadas de que leve a taça no segundo turno. Apesar de uma imensidão de escândalos como nunca se viu na história deste país e de uma administação na melhor das hipóteses medíocre, e muitas vezes ridícula (como na política externa), absurda (como na tolerância com os "movimentos sociais" baderneiros e criminosos; e na "operação" de mais de trinta ministérios) e totalmente incompetente (como em quase tudo, com a exceção da "política econômica", esta herdada do governo passado, cuja manutenção, na verdade, foi um ato surpreendente do atual governo, considerando a doideira geral dos PTelhos).

De fato, em qualquer país civilizado de ponta (pelo menos dos anglo-saxões, de princípios mais rígidos) Lula, após impeachment, e sua horda de malfeitores estariam todos já devida e legalmente encarcerados. O governo de Lula foi, desde sua gênese (e antes disso, no PT), uma sucessão de ilícitos penais de alta gravidade; o PT, a tropa de choque de Lula, uma organização (nem tão organizada...) mafiosa que, sob o beneplácito do presidente, se apossou do Estado brasileiro para o cometimento dos mais nefandos crimes, para o seu lucro (financeiro e político) grupal e o de seu capo di tutti i capi, e absolutamente contra o interesse nacional.
Hoje, esmagado pelo peso descomunal, insuportável, das infâmias praticadas em seqüência contínua, sem interrupção, dia após dia, e impunes, pelo governo e pelo PT - fundidos em uma só entidade maléfica -, o senso de repúdio da parte pensante da população perdeu o ânimo mesmo de sussurrar, que dirá de gritar. O governo-PT mente, mente, e mente. Lula mente, mente, e mente. E fica tudo como dantes no quartel de Abrantes... A Indignação se cansou; desfaleceu exausta, de boca aberta, estupefata.

Lula e o PTEstado ressuscitam, ressurgem: firmes, fortes e mais safados que nunca, imbatíveis, vestais depravadas, überalles.

Lulareich. PTreich. Führer e PTNazi. Göebbels, e Berzoini, e"Verdade". Göebbels, e Tarso Genro, e "Verdade". Göebbels, e Lula, e "Verdade". Göebbels e todos os PTelhos (mentir, mentir, mentir, mentir...). Heil e Companheiros. Impermeáveis, inoxidáveis. Lula-Chávez; Lula-Evo; Lula-Fidel. Los Cuatro Hermanos. Latinoamérica caricatural. Chávezuela. Braslula? Lulândia? Lula-Lula, a síntese: Lula se mira em Lula, só; tudo Lula; só Lula; Lula-Sol; Lula-Único; Lula-Deus; Lula-"L'État c'est moi". PTelhos mandados para a dominação, para o saque, para a safardagem, para a esculhambação, para a putaria. Lula compromissado com Lula. E só. Nada mais lhe interessa nem lhe importa, muito menos "o povo", cuja ignorância o transforma em bucha de canhão de Lula para a reeleição, via dinheiro dado, sacado do Tesouro Nacional, da tributação extorsiva dos contribuintes pagantes (a mais alta da Terra!), esmola de programas "sociais" cooptantes, castradores, desestimulantes, empobrecedores, humilhantes. Vergonhosos. Mantenedores do status quo beócio das massas pobres (principalmente rurais), transformadas em eleitores do novo "pai dos pobres", um getúlio redivivo, mas desprovido da visão do genuíno. Estéreis. Regressivos. Brochantes.

O Ministro da Justiça advoga em prol do crime.

A Polícia Federal, a mando de sua direção lulalá e do Ministro da Justiça lulacá, PTelha e entorta as investigações, visando a nada descobrir, a retardar, a complicar, a impedir a exibição das fotos da dinheirama em espécie, en liquide, em reais e dólares americanos, apreendida pela própria PF, inadvertidamente a seu comando (só porque havia a escuta telefônica dos Vedoin), em um hotel Ibis de São Paulo. Maçaroca entregue pelo chefe da campanha ao governo de São Paulo do PTelho Aloizio Mercadante (o senador que se elegeu "gastando 60 000 reais"), um certo PTelho Hamilton, em mala (como de praxe), a dois Ptelhos próximos do Führer Lula, muito chegados a mais alguns PTelhos ainda mais íntimos do Duce Lula (na verdade amicíssimos de muito tempo, empregados pelo capo a seu lado, no próprio Planalto), destinada a compra de entrevista (publicada na IstoÉ, alcunhada de QuantoÉ?") e dossiê montado pelo chefe da quadrilha das ambulâncias superfaturadas, o bandido Vedoin, também o vendedor, com o fito de desmoralizar José Serra. Bufunfa avaliada em 1,7 milhão de reais, vinda de onde tem muito mais: da caverna de Ali Babá das sacanagens petelhistas da roubalheira (não róbalheira, Dirceu) sistemática, estratégica dos cofres públicos. (Muitos policiais federais, indignados com a vassalagem da direção da PF ao governo - expressa até pelo afastamento punitivo do caso dos delegados que efetuaram a prisão dos PTelhos Valdebran e Gedemar, para consternação da direção da PF, do Ministro da Justiça e do governo em geral -, exprimiram seu repúdio pela TV e jornais, através de seu sindicato, e fizeram vazar as fotos do dinheiro, logo veiculadas pelas mídias; o governo tentou impedir na Justiça a divulgação: perdeu. (É interessante que, tirante esse caso, a PF sempre teve intensa satisfação em distribuir fotos dos dinheiros apreendidos.) Deu na TV agora à noite que um delegado afastado por prender os safardanas petelhistas - e sancionado por isto - assumiu o vazamento das fotos para a imprensa. Ah!, o governo caiu com tudo em cima dele, com entrevistas indignadas do PTelho Marco Aurélio Garcia (ex-assessor internacional de Lula, cuja mão direita tremia, responsável por muitas gafes internacionais, que disse "não saber qual - sic - razões", emulando o Führer, teriam levado o delegado a essa ação, tratando o vernáculo com a mesma "competência" com que ridicularizou a posição internacional do Brasil), do PTelho Tarso Genro (empolado como sempre, Ruy em compota, como era conhecido um senador do seu estado), e do próprio Poderoso Chefão, no recesso de seu apartamento, com a voz tremendo e os olhos fuzilando ódio.
É estarrecedor que eles não se indignem com o fato criminoso em si, cometido, em última instância, por si mesmos (é a explicação), mas sim com a divulgação de fotos das pilhas de reais e dólares. Não resta dúvida: todos eles, inclusive o Duce Analfabeto, são totalmente culpados, e não por omissão, mas por ação direta. Mesmo que o Führer Pernambucano ganhe a eleição, que antecipadamente comprou com dinheiro público, ele TEM de ser cassado. E preso. Pelo bem do país. Idealmente, deveria enfrentar um pelotão de fuzilamento, "salutar" prática do companheiro Fidel.

Lula é Lula, nunca mudou (como ninguém muda), como os crédulos apregoaram como conseqüência da tal "carta ao povo brasileiro", anterior ao pleito de 2002 (essa foi só uma tática, bem sucedida, inventada por seus marqueteiros, para torná-lo palatável aos ingênuos: deu certo!). Lula sempre foi, e é, o mesmo "sapo barbudo", pelo menos desde que lhe apareceu a barba e começou a agitar nos sindicatos do ABC, com o pensamento voltado só para seus próprios interesses: fuck the rest!

O PT, clube que criou engabelando matreiramente intelectuais à procura da expiação de suas "culpas" por viverem em sociedade injusta e dela serem beneficiários, que buscavam sua própria remissão, sua excusa, seu perdão, através da mitificação da força "bruta e pura" da boçalidade iletrada e primária, "primal", do bode do agreste como força redentora de si próprios e da sociedade "poluída" pelos adereços "desimportantes" da cultura, da razão, da lógica e do conhecimento. O caboclo mentiroso de Garanhuns, retirante em São Paulo, tratando do "social" pelos sindicatos, "perseguido" pela ditadura, em estado telúrico puro, ganga bruta não contaminada pelo academismo artificial, seria uma force de la nature, de la terre, que dela emergiria, figura mítica iluminada pela "pureza primária", a consertar os males paridos pelos "doutores".

Qual Hitler! A queima de livros em Berlim assoma à memória: pira da sabedoria (que teria causado todos os males) impressa, Göebells, vitorioso, à frente da JH. A cultura seria substituída pela "nova sabedoria" dos atrasados, inspirada pelos ensinamentos do Führer, ele mesmo cabo derrotado e semianalfabeto das classes baixas austríacas, uma versão teutônica de nosso "santo" metalúrgico bravateiro (em comparação com Lula, entretanto, leva vantagem: pelo menos sabia pintar razoavelmente bem, aprendeu a ler direito - escreveu até o livro Mein Kampf, com sua filosofia política que lembra a do PT de Lula, não bebia nada - ao contrário de nosso enfezado "líder", que adora "dar um tapa na pantera" - e gostava de óperas, principalmente de Wagner, e Lula gosta é de forró). Na Alemanha deu no que se sabe... O barco Brasil teve muita sorte até agora por não ter sido arremessado aos rochedos da desgraça por seu timoneiro aloprado e sua turma gushiken da vida dos bas-fonds surrealistas fantásticos à la Garcia Márquez, este também um camarada das crenças ultrapassadas, amigo do Fidel e de tudo que não presta na Latinoamérica, pobre continente, irmão da África na ignorância das massas e na tendência para o misticismo econômico e político, para o paternalismo de Estado, para pôr a culpa nos "imperialistas" pela infelicidade crônica de que padecem.

O Brasil, e Lula, tiveram, sim, muita sorte porque o país não enfrentou qualquer crise econômica internacional de monta (não sofreu ataque cambial algum!) nesses quase quatro anos (como as dos anos 1990 a 2002, que só foram absorvidas, meno male, devido à racionalidade vigente de Cardoso e Malan; se a catástrofe houvesse ocorrido sob Lula seria o Apocalipse); nem o mundo. Aliás, o mundo raramente, ou nunca, cresceu tanto. De fato, quase todos os países crescem mais rapidamente que o Brasil. Hitler também teve muita sorte no começo...

Para o Führer teutônico os judeus, entre outros, eram o inimigo palpável, objetivo, a exterminar; para o tropicaliente, são as "elites", impalpáveis, das quais ele próprio faz parte (elites econômicas, bem dito, as culturais...) há mais de vinte anos, como agregado ocioso, sustentado por uns e por outros, desavergonhadamente.

O Führer de Munique criou as SA, suas tropas de choque para o combate violento aos seus adversários políticos e a aplicação de golpes baixos necessários aos seus desígnios na sociedade em geral, como tática na estratégia ampla de tomar o poder; mas, uma vez no poder, quando elas se tornaram um entrave aos planos hitleristas de maior domínio, através do controle das Forças Armadas alemãs, Hitler simplesmente se uniu ao Exército e, numa tarde, liqüidou fisicamente Roehm e seus discípulos tresloucados, numa orgia de sangue.

O Duce de Garanhuns, sem o saber copycating, fundou o PT, seu simulacro das SA, com objetivos semelhantes; porém, assumindo o poder, continuou a utilizar os pilantras PTelhos, como tropas de reserva incrustadas, encracadas em todos os cantos das instituições do Estado, qual carrapatos sugando-lhe os recursos (através da mais inacreditáveis e bizarras vilanias), para financiar os mais diversos interesses conjunturais do Capo Massimo. É claro que, levando em conta a ridícula, risível mesmo, qualidade técnico-cultural desses quadrilheiros, a merda cambroniana teria algum dia que bater no ventilador, o que, com efeito, veio a acontecer com freqüência assustadora, dados os enredos rocambolescos engendrados pelas mentes doentias e, por que não dizer?, extremamente limitadas dos petequetes. Quando isso acontecia, o Líder Supremo, não fez como Hitler, isto é, não mandou eliminar materialmente seus comandados que lhe traziam constrangimentos (afinal os tempos são outros), mas sim ordenou-lhes, como rígido bedel, que assumissem sozinhos todas as culpas que por acaso pudessem Nele respingar, até o mais amargo e humilhante fim; sob todas as vergonhas e abjeções imagináveis eles teriam que adorar seu Santo Nome, LULA, sem jamais dizê-lO em vão. Nesse mister, é forçoso reconhecer, eles foram muito bem treinados, o que, todavia, não quer dizer muita coisa, dado que foram criados, desde que foram aceitos na Igreja PTcostal, na obediência total e cega ao Grande Timoneiro onisciente e onipotente, na esperança de, quem sabe?, um belo dia poderem chegar ao Céu, sentar-se a Seu lado, sobre almofadas de pena de ganso, e gozar 12 virgens núbeis, qual homens-bomba islamo-lulistas, na casa da República de Ribeirão Preto, de concierge piauiense. Assim, em sentido figurado, corpos mutilados de moral, honra, decência e dignidade, foram ficando destroçados, para preservar o Líder Supremo, pela via crucis petelhista, imolados na adoração ao Supremo Ser.

Flight of Fancy: Ele, Lula o Grande, Sumidade "deste país", de nove dígitos (um mindinho perdido ao dormir operando uma prensa), tem interessante patologia neurológica: cérebro de morfologia hiperbolóide-parabólica ou, o que vem a dar no mesmo, parabolóide-hiperbólica, dotado de atípica movimentação aleatória do centro lógico para todos os pontos cardeais do hemisfério cerebral, mas, curiosamente, sempre em assimetria direta a igual deslocamento do centro perceptivo de inputs sensoriais externos, mas esta movimentação antípoda limitada aos de cunho desagradável ao seu ego (caso não tão raro; acomete cerca de 3% das pessoas). De tal forma que, por exemplo, se lhe perguntarem de que cor é um objeto preto, ele responderá prontamente: "Preto", já que se trata de indagação neutra, nem agradável nem desagradável; no entanto, se lhe for indagado se ele tinha conhecimento do esquema do "mensalão", retrucará, de pronto: "Claro que não; isto é uma infâmia das elites", porque a questão lhe é incômoda. E assim por diante... Ou seja, estará sendo sempre inteiramente sincero, acreditará realmente no que diz, o que pode ser objetivamente constatado pela atenta observação de sua fisionomia na televisão, que se mantém serena e assertiva, sem denotar nervosismo (na maior "cara de pau" da linguagem popular), mesmo ao proferir as mais absurdas sandices na negação do que é o óbvio ululante (obrigado, Nélson Rodrigues) para todo mundo, com exceção, evidentemente, dos adoradores de sua seita, que se pautam não pela lógica, mas pela fé inquebrantável em seu Messias, absorvendo como verdade evangélica tudo que Ele diz, por mais maluco e idiota que seja. Se Ele disser que "O governo não aceitará golpe mascarado de legalidade", referindo-se a simples possibilidade de aplicação impessoal da lei, meridianamente clara, pelo TSE, como punição automática a crime provado, pode-se ter certeza de que nas 48 horas seguintes uns 30 petelhos de alto coturno, em locais e horários diferentes, dirão a mesma coisa, verbatim, disseminando a palavra de LulAlá. Essa esquisita disfunção neurológica do Guru petelho tem outras características, derivadas do formato incomum do seu cérebro e das movimentações relativas de seus centros lógico (ou da razão) e perceptivo, sempre, por razões ainda desconhecidas do state-of-the-art da neurologia, mantidos a 180 graus um do outro, ou seja, antípodas, quando (dependendo do indivíduo) o ângulo entre eles deveria variar de 0 grau (sapiência total: genialidade) ao limite inferior de 180 graus do Führer Überalles (denotativo da plena estupidez: crença absoluta em si mesmo, autodeificação). São elas, decorrentes da crença absoluta que Lula tem nele mesmo: desconhecimento do que significam conceitos como "verdade" e "mentira" (crê que tudo que fala ou escreve - este, caso raríssimo, por inadequação, digamos, literária - é a mais cristalina verdade, embora quase sempre profira as mais deslavadas mentiras), "ética", "justiça", "honestidade", "coerência", "ordem", dentre outras noções básicas da civilização; inclinação totalitária; e elevadíssima capacidade de liderança, através de como que uma hipnotização ou enfeitiçamento das pessoas (principalmente as mais crédulas e influenciáveis, que a ele se submetem integralmente, como robôs), mesmo, pelos meios de comunicação, as dele distantes fisicamente, à Rasputin, que teve de ser eliminado a tiros pelo príncipe Yussupov (depois de resistir a dose cavalar de potente veneno) para evitar que assumisse o poder total na Rússia, pela ascendência sobre a czarina e o czar, obtida através do aparente controle exercido sobre a hemofilia que vitimava seu filho.

Assim é Lula. Uma pessoa que, principalmente pela facilidade encontrada no domínio de intelectuais beócios inclinados à remissão pela subordinação à pureza rude e primata de um "filho da terra", convenceu-se de que tudo era possível e adquiriu desmedida, absurda confiança em si.

Que Lula era totalitário no PT já se ouvia dizer. Reuniões, reuniões e mais reuniões: no fim só sua palavra importava, o veredicto era o seu. Lula criou o PT e era seu dono. Ainda é. Mais que seu dono, seu Deus. Sua Luz. O PT nada é sem ele; ele para o PT é tudo. Que partido no Brasil teria tolerado apresentar o mesmo candidato em cinco eleições presidenciais consecutivas? Qual confessaria publicamente, por dezesseis anos, só possuir um membro que preste?

O "sapo barbudo" nunca deixou de existir. Ele está lá, agora, no Alvorada. É ele quem dorme ao lado de D. Marisa. O Lula de Duda não passa de uma fantasia. Como Duda é uma fantasia de si mesmo.

As orgias etílico-sexuais, à Roma Antiga, de Lula já eram comentadas, mesmo antes da Presidência. Seu apego ao álcool citado em toda a imprensa brasileira, por centenas de pessoas. De domínio público. Entretanto, seu primeiro arroubo totalitário no poder (fora abomináveis tentativas legiferantes, em relação, por exemplo, à imprensa, que queria "democratizar"), de grande impacto, até internacional, já presidente, aconteceu em 2004, com a tentativa de expulsão absolutamente ilegal do correspondente do The New York Times no Brasil, Larry Rohter, casado com brasileira, com filhos brasileiros (portanto cidadão brasileiro) e vivendo no Rio de Janeiro havia muitos anos. Pelo crime de lesa-majestade de ter escrito (aliás, muito bem) artigo publicado no NYT relatando, de maneira não ofensiva, o viés de Lula pela bebida, transcrevendo o que já fora amplamente publicado a respeito na imprensa nacional.

Lula, à la Kadahfi, tentou forçar um pedido público de desculpas do NYT em suas próprias páginas, provocando um incidente diplomático internacional. Não conseguiu. Todavia, conseguiu denegrir a imagem do Brasil. É isso que sua política externa amalucada vem fazendo desde o início.

Esse é Lula. Esse é o lado negro (aliás, praticamente o único), verdadeiro, de Lula, não aquela criação de marketing de Duda que encantou tantos brasileiros, e estrangeiros também, como, por exemplo, em sua primeira aparição em Davos como presidente, no conclave dos grandes e poderosos do mundo, em que atores e personalidades mundiais lhe rendiam respeito e admiração; e faziam donativos para os pobres do Brasil. A propósito, onde estão essas divisas? será que em contas fantasmas no exterior em prol do PT e de seus quadrilheiros? É muito provável.

Lula é tão mentiroso, e mal mentiroso, que só de episódios edificantes de superação das terríveis dificuldades que teriam sido enfrentadas desde o início pernambucano por sua família contou centenas de versões conflitantes de fatos que já narrara, inviabilizando-as umas às outras. É como ele diz, quem mente para justificar uma mentira cria outra mentira, que gerará a terceira, a quarta, e assim sucessivamente, até o ponto em que seu cérebro ficará completamente embaralhado e perderá a eficácia. É o que acontece com Lula: conta o que deveria ser a mesma história de trinta maneiras mutuamente excludentes. Quem tiver paciência de coletar essas ficções de sua mente criativa nos meios de comunicação terá material para vários livros.

O Lula que, infelizmente, ainda é reverenciado por grande parte da população brasileira não existe. Era e continua sendo uma jogada de marketing. Nunca se gastou tanto "neste país" em publicidade oficial quanto em seu governo. Até decisões político-administrativas de enorme importância são tomadas com objetivos propagandísticos e eleitoreiros, não obstante os incalculáveis prejuízos que provocam à Nação.

Um só exemplo: a fanfarronada caríssima,de bilhões de dólares de prejuízo, de pagar a dívida nacional ao FMI muito antes do prazo, motivo de gabolice "nacionalista" desenfreada do governo, que teria morto o "monstro" do FMI, demonizado pelos petistas e "esquerdistas".

Ora, isso foi um péssimo negócio para o Brasil, e é de estarrecer que pudesse ser feito, que a sociedade brasileira e as instituições de controle político e administrativo o permitissem.
Equivaleu à troca dos empréstimos mais baratos que existem, os do FMI, pelos muito mais caros dos bancos comerciais. Foi como se o governo tivesse optado pelos juros do cheque especial em detrimento dos juros muito menores do BNDES, digamos. Em suma, Lula não teve qualquer piedade das contas nacionais. Fuck them!
O que ele queria era a explosão de propaganda que adviria do fato para empinar a avaliação positiva das pessoas ao governo e a ele, garantindo-lhe alguns milhões de votos a mais nas eleições. Deve ter sido a propaganda mais cara jamais feita no Brasil. E deu certo. Só por isso, Lula e todos os envolvidos nesse fato escandaloso deveriam confrontar a barra dos tribunais.




Eem








Monday, September 18, 2006

Islamodoideiras, islamosandices e islamobestas

Em discurso na universidade de Regensburg, na Alemanha, o papa Bento XVI citou o imperador bizantino Manuel II Paleologus: "Mostrem-me apenas o que Maomé trouxe que fosse novo, e você encontrará tão só coisas más e desumanas, tais como sua ordem para disseminar pela espada a fé que ele pregava."

O mundo, ou melhor, a ira islamobesta (um dos três adjetivos do título, que criei e, de propósito, "batizei", tirando inspiração de João, o Batista, para espicaçar as agudíssimas sensibilidades islamitas em carne viva) caiu sobre o papa, sobre os cristãos, sobre o Ocidente amplo, ou seja, sobre o que nomeei W+ (o Ocidente desenvolvido + países afins politica, economica e socialmente: Japão, Coréia do Sul, Taiwan, Austrália, Nova Zelândia ..., além de largos setores do Terceiro Mundo, a despeito da geografia); os islamitas, ou islamobestas (ou islamoignorantes, ou islamodoidos) ficaram em polvorosa, alvoroçados, frenéticos, apopléticos. Ameaçam o mundo com o islamo-apocalipse, seja lá que diabo for isto.

Por uma bobagem, uma citação em um discurso... (Que, sejamos francos, nada mais diz que a pura verdade! Realmente, o que de bom surgiu com Maomé, ele próprio um guerreiro desatinado, botando fogo pelas ventas? Sob este aspecto até que foi bom o pronunciamiento do papa: afinal de contas, eles, os islamodoidos acham que só eles podem esculhambar? )

Será possível imaginar que "ofensa" reversa, em relação a Cristo, provocasse tamanha tempestade no Ocidente ampliado (ou W+)? Claro que não. É absolutamente impensável. No máximo aumentaria os lucros do disco, do livro, ou do filme que veiculasse o insulto. Como tem acontecido com certa freqüência; e os islamobestas, não sendo também assim tão bestas, devem saber disso, porque senão viveriam apenas para injuriar a cristandade.

Assim, ficamos claros, a sociedade do lado de cá, isto é, a não islâmica, é infinitamente mais tolerante e "justa", além de infinitamente mais produtiva, rica e capaz. Quanto à três últimas vantagens "ocidentais" (porque as sociedades ocidentais não se circunscrevem à geografia), as sociedades islâmicas tradicionais, um tanto ou quanto fundamentalistas, como grande parte das árabes, já carentes de dar dó, ainda se dão ao despautério de desprezar pelo menos metade de suas populações, as mulheres, em detrimento de seu progresso social, econômico e, mesmo, last but not least, moral.

Para nosso entendimento (por "nosso" quero dizer relativo aos países e percepções W+) toda essa celeuma é absolutamente ridícula, proveniente de faixas fanatizadas ao rubro de populações islamitas espalhadas por todo o mundo (mesmo nos países ocidentais de frente, principalmente da Europa), incompreensível, absurda. Pantomima bizarra que, mesmo trágica, não deixa de ser, para quem admite o humor negro, às vezes hilariante. Aqui no Brasil origina milhares de piadas. O carnaval vai ter muita inspiração.

Mas também é apavorante ver essa horda, essa, será que posso dizer?, corja (acho just so and so), essa ralé (sim, acho que a palavra é esta) aos milhões urrando, bradando, ameaçando todos os cristãos de massacres com torturas indizíveis, se explodir para matar o mais possível, provocar o dano máximo, o Holocausto final. Por uma bobagem à toa, pelo menos na "nossa" interpretação.

E se fosse o contrário, se o líder máximo, o aiatolá Khamenei do Irã, por exemplo, comentasse no pódio que o cristianismo é mau porque matou 30 000 pessoas quando conquistou Jerusalém e milhares de índios na América do Sul? Aconteceria alguma reação, com populações cristãs enfurecidas por todo o mundo ameaçando o islã de massacres e apocalipse? Claro que não. Porque o cristianismo é muito mais civilizado que o islamismo. (Eu não sou, ou melhor, não me considero cristão, nem mesmo religioso, embora nada tenha contra - e muito a favor -, desde que a religião seja "civilizada", nos termos definidos pelo Iluminismo do século XVIII e pelo exercício da razão, ou seja, da capacidade de raciocínio frio e lógico do homem, ou mulher, dotado de certo conhecimento básico, isto é, de alguma cultura.)

O islamismo nunca passou por disputas que levassem a um tipo de Reforma protestante, nem o islã experimentou um movimento filosófico como o Iluminismo. Parou. Nos fundamentos. É basicamente fundamentalista. Até hoje. Bábaro. Atrasado. Fanático.

Saturday, September 16, 2006

Vida e Matança

Sir Arnold Wesker, dramaturgo inglês, acaba de publicar, pela Simon & Schuster, seu primeiro livro, Honey.
Fez, por esses dias, uma carta aberta ao primeiro-ministro Tony Blair, a propósito do terrorisrmo islamita.

É bastante apropriada. Traduzi-a, abaixo.

Caro Primeiro Ministro, escrevo-lhe no quinto aniversário do 11/9.

Porque acredito que o senhor é um importante estadista mundial, e que sua decisão de revelar a data de seu afastamento do cargo à sua própria conveniência foi a correta, posso presumir sugerir que agora é o tempo de fazer um grande discurso dirigido especialmente a Osama bin Laden.

Nenhum estadista mundial tentou desafiar esta aberração da humanidade para o debate. Ouvimos apenas adjetivos triviais como "não civilizado", "assassino", "fanático irracional" e, recentemente "islamofascista"; porém ninguém pensou ainda em sugerir a bin Laden, em linguagem simples, que o islã poderia estar sofrendo de um profundo complexo de inferioridade. A ameaça que nos confronta a todos, Oriente e Ocidente, é uma crença infantil e irracional de que este complexo de inferioridade só pode ser mitigado se a supremacia do islã for imposta ao mundo, não importa que grandes partes dele tenham que ser destruídas no processo.

Quando acordamos na manhã, os primeiros pensamentos da maioria das pessoas (falando com licença poética) têm a ver com a melhora da vida; quando bin Laden acorda, seus primeiros pensamentos têm a ver com matança; nosso instinto é para o que pode ser construído, seu instinto é para o que pode ser destruído.

Esses contrastes precisam ser marcados ao rubro na consciência do mundo. O conflito não é entre civilizações ou culturas, mas entre construtores e destruidores.

Não acredito que as torres gêmeas foram visadas porque eram símbolos do capitalismo, mas porque elas se projetavam ao céu como símbolos do gênio e do sucesso. Não é o Ocidente corrupto que bin Laden odeia, é o Ocidente colorido que ele odeia, a cor como uma imagem da alegria, da energia e da criatividade. Há algo acerca da felicidade das outras pessoas e de seu sentido de espírito livre que irracionalmente faz levantar a ira de certas mentalidades, seja no pátio da escola, seja na arena religiosa/política.

(Aqui eu, Fridericus, me intrometo no meio da carta de Sir Arnold a Tony Blair para dizer que não posso ser demasiado enfático em minha concordância ao que foi exposto: já acredito nisso, isto é, que as coisas se passem como Sir Arnold delineou, há muitos anos.)

A carta continua, a seguir.

Pode ser pensado que essa ameaça vem apenas de uns poucos fanáticos marginais; mas embora eles sejam os ativistas, temo que existam vastas fileiras de apoio a eles - daí as perturbadoras revelações de que há potencialmente milhares que poderiam, a partir de um sentimento de inadequação, estar envolvidos no terrorismo no Reino Unido. Portanto, eu não acredito que o debate deva ser sobre política, mas sim mais sobre psiquiatria.

Um dos mais assertivos muçulmanos que apareceram nestes tempos foi Wafa Sultan, a psiquiatra síria-americana de Los Angeles (veja seu perfil na edição do New York Times de 11 de março de 2006). Talvez ela já tenha sido trazida à sua atenção. Ela foi entrevistada pela al-Jazeera e vista por milhões, desde quando tem sido aplaudida por muçulmanos progressistas e ameaçada de morte pelos reacionários. Mas ela feriu a nota certa ao afirmar que os muçulmanos do mundo, que compara desfavoravelmente aos judeus, mergulharam em um vórtex de autopiedade e violência; e que o mundo não testemunhava "um choque de religiões ou culturas, mas uma batalha entre a modernidade e o barbarismo".

Falando do Holocausto, ela disse: "Os judeus saíram daquela tragédia e forçaram o mundo a respeitá-los, com o seu conhecimento, não com o seu terror; com seu trabalho, não com seu choro e grito... Não vimos judeu algum se explodir em um restaurante alemão. Não vimos qualquer judeu protestar por meio da matança de pessoas... Apenas os muçulmanos defendem suas crenças queimando igrejas, matando pessoas e destruindo embaixadas. Este caminho não levará a qualquer resultado. Os muçulmanos devem perguntar a si mesmos o que eles podem fazer pela humanidade, antes de exigir que a humanidade os respeite."

E no mês passado Ahmed Zewail, que ganhou o prêmio Nobel de química em 1999, declarou: "Deveríamos ter confiança em nós mesmos e na participação global, e não culpar os outros pelas calamidades atuais ou usar a religião para ganhos políticos. A responsabilidade do indivíduo por si mesmo e pela melhora da sociedade está claramente declarada no Corão: "Com efeito! Deus não mudará a boa condição do povo enquanto ele mesmo não modificar seu estado de bondade"."
Ambos estes muçulmanos altamente inteligentes também falam acerca do conflito entre a construção e a destruição.

Perdoe-me o comprimento desta carta, mas "construção ou destruição" me parece um importante tema para nosso tempos. Como o poeta W. H. Auden escreveu: "Nada é agora tão horrível ou tolo que não possa acontecer."




Wednesday, September 13, 2006

As Raízes do Islamismo

O jornal The Times de Londres publicou em 26 de junho de 2006 um extrato, intitulado The Roots of Islamism, do livro Celsius 7/7, de Michael Gove, lançado em 29 de junho por Weidenfeld & Nicolson, em que o autor proclama que o islamismo não é uma campanha para restaurar a devoção, mas um esforço revolucionário para transformar a sociedade.

O texto é muito instrutivo e interessante. Vamos a ele, que traduzi

A Primeira Guerra Mundial começou com o assassinato de Franz Ferdinand, a Segunda com a invasão da Polônia e a Guerra Fria com o bloqueio soviético de Berlim. A Guerra que o Ocidente agora enfrenta, o conflito que se tornou conhecido como a Guerra ao Terror, começou, aos olhos de muitos, em 11 de setembro de 2001, com o ataque da Al Qaeda à América. Mas, como o ataque a Pearl Harbor com o qual foi comparado, 11/9 não marcou o início deste conflito global, mas sim sua mais audaz escalada.

Bem antes do sucesso da Al Qaeda em seus esforços para trazer a guerra tão espetacularmente ao solo americano o assalto islamita vem avançando. Na década antes de 11/9 os combatentes islamitas tomaram posse do Afeganistão como uma base para suas operações globais, lançaram uma campanha para tomar o controle da Argélia, usaram o Sudão como plataforma de lançamento para a jihad, atacaram embaixadas americanas no leste da África e detonaram um explosivo que matou dezessete no destróier americano USS Cole enquanto ancorado ao largo da costa do Iêmen.

Antes desse assalto, os islamitas planejaram ataques sobre outros alvos americanos, incluindo um atentado para afundar o USS Sullivans em janeiro de 2000 e para detonar uma bomba no aeroporto de Los Angeles em dezembro de 1999.

As operações islamitas contra a América datam de tão longe no tempo quanto 1993, quando o primeiro assalto contra o World Trade Center foi lançado. Uma bomba plantada no estacionamento sob a Torre Norte matou seis e feriu mais de 1000 outras pessoas, mas os atacantes fracassaram em derrubar a torre.

Os Estados Unidos estavam muito longe de ser a única nação a ser tomada como alvo pelo terror islamita. Na Jordânia, os membros da Al Qaeda estabeleceram planos para bombardear quatro alvos ao tempo do Milênio. Identificaram o hotel Radisson na capital, Amã, a fronteira entre a Jordânia e Israel; o Monte Nebo, sítio sagrado cristão; e um local no Rio Jordão onde João, o Batista, teria batizado Jesus. Estes alvos foram selecionados na esperança de maximizar as baixas entre os turistas ocidentais em visita.

Os turistas ocidentais também foram vítimas de uma série de ataques no Egito.

Dezesseis cidadãos gregos foram mortos em 1996, nove alemães e seu motorista egípcio foram mortos em setembro de 1997 e em novembro desse ano 58 turistas e quatro egípcios foram massacrados perto de Luxor.

Desde o começo dos anos 1990 os combatentes islamitas também visaram, entre outras nações, a Indonésia, o Paquistão, Israel, Catar, Espanha, Rússia, Arábia Saudita, Turquia, Índia, Austrália e Quênia. Turistas, empresários, e viajantes de quase toda nacionalidade foram vítimas das atrocidades islamitas. Ataques foram planejados, e células terroristas estabelecidas, na Alemanha, na Itália e na França, bem como no Reino Unido e na maior parte do mundo árabe. Países com tradição colonial, e e os que nunca jogaram o jogo imperial, países que são cristãos, muçulmanos ou multi-confissionais, nações que apoiaram a guerra do Iraque e as que a ela se opuseram, todas foram visitadas pela sombra da violência islamita.

As raízes do atual assalto islamita são várias. Mas, onde quer que os islamitas golpeiem, quem quer que eles visem, e qualquer que seja a interpretação colocada acerca de seus atos por comentaristas na sociedade que foi atacada, eles estão unidos em uma única campanha por uma ideologia comum.

A transmissão da justificatificativa póstuma de Mohammed Siddique Khan ligou explicitamente seus atos à campanha empreendida pelos líderes da Al Qaeda, Osama bin Laden, Ayman al-Zawahiri e Abu Musab al-Zarqawi. Seu alistamento como um soldado foi impulsionado , ele explicou, por sua religião "islã - obediência ao único Deus verdadeiro, Alá, e seguindo as pegadas do profeta final e mensageiro Maomé". Os terroristas responsáveis pelo atentado a bomba aos trens em Madri foram, segundo a polícia Bósnia, treinados em campos da Al Qaeda vesse país. Eles também estavam, de acordo com fontes da inteligência britânica, trabalhando em cooperação com um combatente da Al Qaeda síria que, depois de dirigir operações na Europa, acredita-se estar agora no Iraque.

Mesmo onde não esteja estabelecida ligação explícita entre células terroristas e operadores conhecidos da Al Qaeda, o estilo operacional, a retórica política e a justificativa ideológica empregados pelos diferentes combatentes islamitas sublinham seu enfoque compartilhado. Dos assassinos do Hamas em Gaza aos terroristas do Hezbollah no Líbano e "soldados" islamitas por todo o Sudeste Asiático, da Indonésia às Filipinas, há uma impiedade na seleção dos alvos civis, reforçada por uma vontade de abraçar o suicídio a bomba, uma crença de que a influência ocidental precisa ser limpa das terras muçulmanas e um desejo de ver uma forma estreita e altamente politizada do Islã imposta em todo o mundo muçulmano.

A natureza global e interconectada da campanha de terror islamita só pode ser compreendida pela imersão na ideologia totalitária que impele os guerreiros jihadistas. Enquanto eles se autoproclamam soldados pelo islã não representam a maioria da opinião muçulmana. Longe disso. Os islamitas são uma vanguarda autoconsciente que despreza os outros muçulmanos e considera a maioria de seus correligionários imersa no barbarismo ou no erro.

O islamismo não é o islã em armas, é um credo político que perverte o islã, assim como o fascismo degradou o nacionalismo e o comunismo traiu o socialismo. Seu espírito animador não é a piedosa devoção do crente que encontra na contemplação, na caridade e na oração tanto a gratificação quanto a inspiração. O islamismo atrai aquela parte da alma humana que foi sempre capaz de ser seduzida para a revolução, pela violência e pela exaltação do ego por meio da associação aos eleitos. Há aspectos no islamismo que lhe emprestam a mesma atração que seduziu jovens ao ingresso nos Guardas Vermelhos ou nas Waffen SS, mas existem também aspectos específicos na ideologia que a sintonizam com os descontentamentos e ânsias dos jovens em nosso tempo.

Antes de pensar no islamismo como uma variante de uma grande e antiga fé é melhor vê-lo nos termos definidos pelo historiador italiano do fascismo, Emilio Gentile, que explicou que o totalitarismo é "uma experimentação em dominação política empreendida por um movimento revolucionário que aspira a um monopólio de poder. Ele busca a subordinação, integração e homogeneização dos governados na base da politização da existência, interpretada de acordo com os mitos e valores de uma religião política. O totalitarismo tem o objetivo de conformar o indivíduo e as massas através de uma revolução, com o propósito de regenerar o ser humano e criar o novo homem. A meta final é criar uma nova civilização ao longo de linhas expansionistas além do Estado-nação.

Os islamitas acreditam no reordenamento da sociedade para garantir a total submissão a uma interpretação estreita, puritana e fundamentalista do islã. Eles estão conduzindo uma guerra civil dentro do mundo islâmico, projetada para derrubar os regimes existentes, que consideram ser imperdoavelmente apóstatas, e substituí-los por um só Estado islâmico unificado, o Califado restaurado. Os islamitas crêem que a santidade e a cultura das terras muçulmanas estão ameaçadas e maculadas por influências ocidentais, do capitalismo ao feminismo, que têm que ser erradicadas.

Esse processo de limpeza tem que ser realizado por violência suicida, porque, nas palavras do mais influente pensador do islamismo, Sayyd Qutb, "a morte daqueles que são mortos pela causa de Deus dá mais ímpeto à causa, que continua a florescer no seu sangue".

O derramamento de sangue não deve parar nas atuais fronteiras do islã. Não apenas porque as nações que não são islâmicas constituem a dar-al Harb, a Casa da Guerra, que constantemente ameaça a segurança do mundo muçulmano. Mas também porque os islamitas são impulsionados por uma divina missão para garantir que toda a Terra, no tempo devido, aprenda a se submeter ao governo islâmico.

A crença em que a soberania do islã é necessária e total em todo o globo foi poderosamente exibida no programa de TV da BBC Newsnight, em fevereiro de 2006. Anjem Choudray, um dos líderes do grupo islamita britânico al-Ghurabaa, rejeitou a sugestão de que poderia ser mais feliz perseguindo seu enfoque fundamentalista à religião e à política fora cultura política secular e liberal do Reino Unido. A Inglaterra, ele informou aos telespectadores, "pertence a Alá". E, caso não avaliássemos quão longe caímos dos padrões de Alá, e seus, Choudray rejeitou totalmente qualquer noção de acomodar suas crenças e práticas às normas de nossa sociedade democrática, argumentando, "se vocês me colocassem na selva, eu deveria me comportar como um animal? Claro que não."

A franqueza de Choudray em reclamar a Inglaterra para Alá e condenar os atuais costumes ocidentais como bestiais podem ser chocantes, mas não deveriam ser surpreendentes. Pois não há nada escondido ou esotérico acerca do enfoque islamita.

A escala, a abrangência e a ambição do pensamento islamita não se escondem em qualquer protocolo secreto ou codificadas em obscura escritura. São proclamadas livremente e completamente nos discursos e nas transmissões de ideólogos islamitas de Osama bin Laden a Anjem Choudray e delineadas nos extensos textos dos ideólogos fundadores do islamismo.

Mas há uma cegueira voluntária entre muitos no Ocidente que se recusam a reconhecer a natureza totalitária da ideologia que propele os guerreiros jihadistas. Apesar de as prateleiras de qualquer livraria ocidental se vergarem ao peso de textos que registram as crueldades e o barbarismo infligidos pelo totalitarismo no século XX, parece haver uma notável relutância em aceitar que o pensamento totalitário poderia estar por trás da crueldade e do barbarismo contemporâneos.

Ao invés disso, os comentaristas ocidentais atribuem a violência islamita a ressentimentos específicos, discretos, como a presença de tropas americanas em solo saudita, o fracasso em estabelecer um Estado palestino árabe ou a pobreza material dos povos árabes. Em toda circunstância a culpa pela violência islamita é colocada na porta do Ocidente, por fracassar em fornecer "justiça".

É um notável comentário sobre o estado do pensamento analítico no Ocidente que, quando confrontados com assassinos de massa, que espalhafatosamente proclamam a base ideológica de seus atos e profetizam a vitória com base na fraqueza ocidental, os pensadores ocidentais respondam pela denegação das motivações ideológicas de seus atacantes e, ao contrário, culpam o Ocidente por atiçar os ressentimentos.

A crença em que a violência islamita pode ser explicada por esses fatores é tão despropositada quanto a dos anos 1930, em que o nazismo poderia ser compreendido como simplesmente uma resposta às injustiças percebidas do acordo de Versailles, que poderiam ser mitigadas pela re-união dos alemães dos sudetos a seus primos bávaros.

Essa resposta, a clássica tentação dos apaziguadores, trai uma profunda incomprennsão da mentalidade totalitária. Os nazistas não puderam se satisfazer pelo assentamento razoável de disputas de fronteiras. Eles eram motivados por um sonho totalitário de um Reich de mil anos, purgado de influências judias e bolcheviques, em que a virilidade ariana poderia florescer. As suas ambições territoriais dos anos 1930 não eram um fim em si mesmas, mas mecanismos para testar a determinação de seus oponentes. O sucesso de Hither em realizar seus objetivos territoriais interinos denotou, para sua própria satisfação, a frouxidão do Ocidente, o incentivou a ir além e criou uma sensação de ímpeto para a frente que silenciou a oposição interna.

Os jihadistas hoje em dia não estão empenhados em conduzir uma série de lutas de libertação nacional que, se cada uma delas fosse resolvida, levaria à paz na Terra e à boa-vontade para todos os infiéis. Eles processam uma guerra total a serviço de uma ideologia impiedosa. É apenas pela compreenssão de que o inimigo que enfrentamos é um movimento totalitário integral que podemos começar a avaliar a escala do desafio que devemos confrontar.

Enquanto muitos atos jihadistas - desde as decapitações rituais à invocação da escritura antes da batalha - podem parecer regressões ao medievalismo, o sistema de crença islamita é tanto um produto da modernidade quanto o capitalismo, o liberalismo e o feminismo que os guerreiros de Alá abominam. É apenas pela investigação de suas semelhanças com outros totalitarismos modernos, e de seus desvios deles, que podemos desenvolver uma resposta apropriada.

O islamismo é um fenômeno do século XX. Como suas ideologias irmãs, o fascismo e o comunismo, oferece aos seguidores uma forma de redenção através da violência. Como o fascismo, o islamismo vislumbra a criação de um reino purificado, expurgado das influências externas tóxicas e da corrupção interna. Como o comunismo, o islamismo não é etnicamente exclusivo, busca alistar novos convertidos pelo proselitismo, educação política e avanços militares. Como ambos, ele reserva um ódio especial ao Ocidente, à liberdade política, à separação dos domínios público e privado, à dissenção, à tolerância sexual e à crença na santidade da vida individual. E como ambos, encontra uma sombria e furiosa energia no ódio direcionado ao povo judeu.

O comunismo, o fascismo e o islamismo, todos foram respostas, de fato reações, ao pensamento do Iluminismo. As raízes intelectuais do comunismo jazem, naturalmente, nas obras de Marx e Engels. Mas o trabalho deles saiu do fermento na esquerda no início do século XIX e do alicerce colocado por pensadores como Proudhon. A obra de Marx e Engels, por sua vez, foi desenvolvida por seus discípulos, desde Lênin e Ho Chi Minh até Louis Althusser e Che Guevara. O fascismo derivou da "ciência" racial do fim do século dezenove, ela mesma uma forma de darwinismo pervertido, do pensamento anti-liberal de críticos alemães do Iluminismo como Herder, e da celebração da violência avançada pelo italianos "futuristas" e pelos alemães ultra-conservadores como Heidegger, Schmitt e Junger.

Os pensadores responsáveis por moldar o islamismo como agora o conhecemos são o fundador da Irmandade Egípcia, o egípcio Hassan al-Banna, o principal teórico da Irmandade , Sayyd Qutb, e o ideólogo paquistanês Abul Al'a Mawdudi. Juntos eles exercem uma influência enfeitiçadora, e diretora, nas fleiras de terroristas islamitas que conduzem a jihad que enfrentamos hoje.

É importante entender que o islamismo não é a mesma coisa que o fundamentalismo islâmico. Todos os islamitas são fundamentalistas, mas nem todos os fundamentalistas são islamitas. O fundamentalismo é um fenômeno especificamente religioso, o islamismo é um programa político. Ele é informado por uma visão da raça humana permeada pelo pensamento religioso tradicional, fundamentalista.

Mas o islamismo recebe força especial por sua coopção do ardor revolucionário comum a outros totalitarismos do século vinte.

O Islã, como outras grandes religiões, experimentou ciclos de crescimento, declínio, reinterpretação e revivescência. Em vários pontos os pensadores islâmicos atraíram os crentes de volta ao que eles argumentam ser os princípios fundadores e as verdades fundamentais da escritura.

No século IX Ibn Habal pregou contra inovações na lei e no pensamento islâmicos, convocando os fiéis de volta às interpretações tradicionais do Corão.

No final do século XIII e no começo do XIV Ibn Tamyyah liderou uma rejeição similar de tentativas de atualizar e reinterpretar o que ele considerava as verdades essenciais e perfeitas do islã aborígine. E no século XIX Muhammad Ibn Abd Al-Wahhab liderou outra campanha para expurgar o islã de inovações e restaurá-lo à pureza pristina de seus textos fundacionais. Cada um desses movimentos, como processos paralelos no judaísmo e no cristianismo, buscaram resgatar os crentes da heresia pelo reenraizamento em suas verdades fundadoras.

O islamismo contemporâneo extrai inspiração dessa forma puritana no pensamento islâmico, mas é mais do que apenas uma forma de revivescência religiosa. É um movimento especificamente político que vê a resposta para todo problema social, cultural e moral na implementação de um programa político derivado de rígidos princípios islâmicos e imposto pela ponta de uma espada. O islamismo não é uma campanha para restaurar a piedade através do ensino, da pregação e do encorajamento à devoção privada. É uma tentativa revolucionária de refazer a sociedade, pela argumentação certamente, mas também inevitavelmente pela força, com o fim de garantir a completa submissão a uma divindade unicamente austera e militarista.















Saturday, September 09, 2006

A Ameaça Islâmica

David Selbourne é o autor do livro The Losing Battle with Islam, publicado nos EUA em novembro de 2005. O jornal londrino The Times publicou hoje, 09/09/2006, um artigo dele bastante instigante chamado Can the West defeat the Islamist threat? Here are ten reasons why not ("Pode o Ocidente derrotar a ameaça islâmica? Aqui estão dez razões por que não").

Segue seu artigo. O que fiz foi só traduzi-lo.

Suponhamos, para argumentar, que a guerra declarada pela al-Qaeda e outros islamistas esteja ocorrendo. Suponhamos mais ainda que milhares de ataques "terroristas" levados a cabo em nome do Islã durante as décadas passadas formem parte dessa guerra; e que conflitos que se espalharam por cinqüenta países e mais, tirando as vidas de milhões - incluindo derramamento de sangue inter-muçulmano - sejam o resultado do que Osama bin Laden chamou "fazer a jihad pelo bem de Alá".

Se essa guerra estiver acontecendo, há dez boas razões por que, como estão as coisas, o Islã não será nela derrotado.

1) A primeira é a extensão da divisão política no mundo não-muçulmano acerca do que está em marcha.Alguns rejeitam totalmente que exista uma guerra; outros concordam com a afirmativa pelo presidente dos EUA de que "a guerra que lutamos é a luta ideológica decisiva do século XXI". Assessores divididos também ditaram qualquer coisa do "diálogo" ao emprego de armas nucleares, e da confiança na "diplomacia pública" à "tomada de locais islâmicos", Meca incluída. Aumentando essa incoerência tem sido o golfo entre aqueles coléricos para levar a luta ao "terrorista" e aqueles que impediriam tal luta, seja por preocupações civis e libertárias domésticas ou por cálculo geopolítico rival.

2) A segunda razão por que, como estão as coisas, o Islã não será derrotado é que as forças da comunidade mundial de muçulmanos estão sendo subestimadas, e a natureza do Islã mal compreendida. Ele não é nem uma "religião de paz" nem uma "religião seqüestrada" ou "pervertida" pelos "poucos". Em vez disso, sua intransigência moral e seus ardores revividos, sua ética jihadista e a recusa da maioria dos muçulmanos da diáspora em "compartilhar um conjunto de valores" com não-muçulmanos são uma coisa só, e justificada pelo próprio Corão.

O Islã não é nem mesmo uma religião no sentido convencional do termo. É um movimento político e ético transnacional que acredita que tem a solução para os problemas da humanidade. Ele, portanto, determina que é nos próprios interesses da raça humana estar subjugada sob o governo do Islã. Tal crença, em conseqüência, faz um disparate do projeto de "democratizar" nações muçulmanas nos interesses do Ocidente, uma inversão que o Islã não pode aceitar e, em seus próprios termos, corretamente. Torna ingênua, também, a distinção entre as alas militar e política dos movimentos islâmicos; e torna a asserção de Donald Rumsfeld em junho de 2005 de que os insurgentes no Iraque "não têm visão, eles são perdedores" meramente tola. Nesta guerra, se há uma guerra, a bota está no outro pé.

3) Com efeito, a terceira razão pela qual o Islã não será derrotado , como estão as coisas, é o baixo nível da liderança ocidental, em particular nos Estados Unidos. Durante o meio século de revivescência islâmica ela se mostrou às tontas tanto diplomaticamente quanto militarmente. Ela tem estado sem um senso de direção estratégica, e incapaz de estabelecer planos de guerra coerentes. Teve mesmo carência dos dons da linguagem para tornar claros os seus propósitos. Ou, como Burke colocou em março de 1775, "um grande império e mentes pequenas não se dão bem". Nesta guerra com o Islã, se é uma guerra, a combinação augura a derrota.

4) A próxima é a contribuição à desordem da formulação política ocidental sendo feita pela competitividade egoísta, e em alguns casos histérica, de "experts" e comentaristas acerca do Islã. Eles incluem islamófobos apopléticos bem como apologistas acadêmicos para o pior que esteja sendo feito em nome do Islã. Neste campo de batalha, com seus blogsites para apoiar a autopromoção, muitos parecem pensar que suas opiniões são mais importantes do que os assuntos a respeito dos quais estão passando julgamento; e entre a babel de vozes conselheiras, a formulação das políticas a serem seguidas se torna crescentemente inconsistente.

5) A quinta inaptidão é para ser encontrada na confusão dos "progressistas" a respeito do avanço islâmico. Com seus mancais políticos e morais perdidos desde a derrota do "projeto socialista", muitos na esquerda possuem apenas as enfadonhas posições anti-coloniais sobre as quais assentar sua tribuna. Atribuir os problemas do Ocidente ao nosso passado colonial contém alguma verdade. Mas é outra vez mal compreender a fortaleza interna do renascimento do Islã, que é devido não à posição de vítima mas ao avanço da confiança em seu próprio sistema de crença.

Além disso, para maior vantagem do Islã, ele levou a maioria dos "progressistas" a dizer pouco, ou mesmo a se manter silente, a respeito do que uma vez teria sido encarado como os aspectos reacionários do Islã: sua opressiva hostilidade à dissenção, seu mal trato das mulheres, seu ódio supremacista de grupos externos selecionados, como os judeus e os gays, e sua prontidão a incitar e empregar extremos de violência contra eles. Mein Kampf circula nos países árabes sob o título Jihadi.

6) A sexta razão para a crescente força do Islã é a satisfação indireta sentida por muitos não-muçulmanos pelos reveses da América. Os que sentem tal satisfação podem ser encarados como cavalos de Tróia, uma cavalaria cujo número é legião e que está crescendo. Para alguns, seu princípio - ou anti-princípio - é o de que "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". Outros acreditam que sua recusa de apoio pela guerra com o Islã, se há tal guerra, é honrada. Mas as conseqüências são as mesmas: o avanço do Islã está sendo suportado por muçulmanos e não-muçulmanos juntos.

7) A sétima razão jaz na pobreza moral do próprio sistema de valor do Ocidente, e especialmente da América. Doutrinas de liberdade de mercado, livre escolha e competição - ou "freedom 'n' liberty" - não são páreo para as éticas do Islã e Sharia, goste-se delas ou não. Apesar disso, na "batalha pelos corações e mentes", a Primeira Divisão de Cavalaria dos Estados Unidos achou adequado lançar a "Operação Adam Smith" no Iraque, para ensinar habilidades de mercado, entre outras coisas, a empreendedores locais. Não pode haver vitória aqui. Ou, como disse o xeque Mohammed al-Tabatabi a milhares de adoradores em Bagdá em maio de 2003: "O Ocidente clama por "freedom" e "liberty". O Islã rejeita tal liberdade. A verdadeira liberdade é a obediência a Alá".

8) A indicação seguinte de que o avanço do Islã continuará se assenta no uso hábil da mídia e da "world wide web", a serviço tanto da "jihad eletrônica" quanto da enganação da opinião ocidental, pelos porta-vozes muçulmanos. É também um empreendimento político no qual muçulmanos e não-muçulmanos podem agora ser encontrados agindo em conjunto para aumentar o alcance da visão de mundo do Islã; a ajuda sendo dada por produtores e emissores ocidentais à al-Jazeera é a sua mais notável instância.

9) O nono fator garantindo a marcha do Islã para a frente é a dependência material do Ocidente de recursos materiais de países árabes e muçulmanos. Em abril de 1917, Woodrow Wilson, recomendando ao Congresso dos Estados Unidos uma declaração de guerra contra a Alemanha, podia dizer que "nós não temos fins egoístas a servir". Os níveis de consumo americanos fazem com que tal declaração não seja possível agora. Os Estados Unidos estão, por assim dizer, em cima de um barril. Continuarão assim.

10) Finalmente, o Ocidente está convencido de que suas noções de modernidade impulsionada pela tecnologia e de progresso empurrado pelo mercado são, de maneira inata, superiores aos ideais do "atrasado" Islã. Esta é uma velha ilusão. Em 1899, Winston Churchill afirmou que não havia "força retrógrada mais forte no mundo" que o Islã. Mais de um século mais tarde, é afetuosamente acreditado que material militar sofisticado e defesas do tipo "Star Wars" assegurarão o domínio ocidental nesta guerra, se fôr uma guerra.

Mas, como declarou o "acadêmico" Suleiman al-Omar em junho de 2004: "O Islã está avançando de acordo com um plano firme. A América será destruída". Como estão as coisas, dados os dez fatores aqui delineados, é mais provável que ele esteja certo do que errado.

Friday, September 08, 2006

Propensão ao Desastre

A revista Foreign Policy, da Carnegie Endowment for International Peace, publicou em sua edição de maio/junho 2006, a segunda classificação anual dos Estados segundo seu Índice de Estados Fracassados, relativo a 2005. O índice aponta a propensão que um Estado teria ao conflito interno violento e à disfunção social, baseado em 12 indicadores de instabilidade: sociais, econômicos, políticos e militares. Quanto maior a nota agregada dos 12 itens (cada um com até 10 pontos) de um país, maior seria sua tendência à desagregação. Os indicadores vão das pressões demográficas, da existência de refugiados e pessoas deslocadas, dos ódios grupais, da economia, até o aparato de segurança e a faccionalização das elites.

Estado fracassado, por definição do estudo, é aquele no qual o governo não tem controle efetivo do seu território, que não é considerado legítimo por parcela significativa da sua população, não fornece segurança doméstica ou serviços públicos básicos a seus cidadãos, e que não possui o monopólio do uso da força. Um Estado em processo de desmoronamento pode experimentar violência ativa ou simplesmente ser vulnerável à violência. A grande maioria dos Estados listados no Índice não é no presente de Estados fracassados. O índice mede a vulnerabilidade ao conflito interno violento. É um índice de risco de país, não de países que já tenham fracassado.

Assim, para 2005, o país mais à beira do abismo seria o Sudão, somando 112,3 pontos. E o mais estável a Finlândia, com cerca de 20. (Para ver a classificação geral acesse www.ForeignPolicy.com ou www.fundforpeace.org.)

Há coisas interessantes no Índice de 2005: nos Estados Unidos, o furacão Katrina expôs buracos enormes no preparo do país de enfrentar o desastre; dois meses depois, distúrbios violentos na França paralizaram partes do país e puseram a nú profundas fissuras entre os imigrantes muçulmanos e o resto da sociedade francesa. Parcialmente como conseqüência desses eventos, os EUA e a França tiveram resultados piores do que os de outros países ricos, industrializados (a Finlândia, a Suécia e a Noruega emergiram como os mais estáveis).

O Brasil até que está relativamente bem colocado; não está entre os 60 países mais instáveis. Estes incluem, por exemplo: Coréia do Norte (fila 14, nota 97,3); Nigéria (22; 94,4); Colômbia (27; 91,8); Indonésia (32; 89,2, com o Egito na fila 31, nota 89,5, e a Síria na 33, nota 88,6); Rússia (43; 87,1); Irã (52; 84,0); China (sim, ela mesma, a China: fila 57; nota 82,5); o último dos 60, ou seja (de acordo com o trabalho), o país com menor tendência dos 60 a implodir, é a Nicarágua, com nota 82,4.

A seguir, as razões apresentadas pelo estudo para o aumento e a queda na vulnerabilidade de alguns países em relação às suas classificações em 2004.

O ano passado não foi bom para muitos gigantes do mundo em desenvolvimento. Não é surpresa que Estados enormes enfrentem sérios desafios derivados da mudança demográfica, da grande desigualdade econômica, e de divisões étnicas e religiosas. Mas, como aponta o índice, igualmente importante é a maneira pela qual os governos respondem ao golpe da dificuldade.

O Paquistão, com uma população de mais de 160 milhões, caiu 13 pontos no índice, isto é, teve sua nota aumentada de 13 pontos. O terremoto de outubro de 2005, centrado na Caxemira administrada pelo Paquistão, deslocou dezenas de milhares e provocou um desastre humanitário que o governo teve dificuldade de enfrentar. Não foram apenas atos de Deus que aumentaram a vulnerabilidade do Paquistão. As fumegantes tensões étnicas e a incapacidade do governo de efetivamente policiar as áreas tribais próximas à fronteira afegã também contribuíram.

As dificuldades paquistanesas estão bem relatadas. Mais surpreendente é a derrapada da China no índice. Com sua economia florescente, poucos analistas classificariam a China como um Estado vulnerável, todavia seu resultado no índice caiu 10 pontos em relação ao de 2004. Por quê? A China testemunhou mais de 87 000 greves e protestos camponeses acerca de apreensões de terra no ano passado, assim como crescentes corrupção e desemprego. As cidades chinesas explodiram em tamanho, e aqueles que ficaram para trás têm sofrido enquanto secam os serviços governamentais e incorporadores imobiliários famintos agarram a terra. Os funcionários do Partido têm que encontrar novas maneiras para apaziguar as massas enquanto mantêm o motor econômico em alta velocidade.

O Estado mais populoso da África, a Nigéria, também tombou. A despeito de alguns passos em direção à reforma econômica e melhora nos direitos humanos, as fissuras regionais e religiosas do país o mantiveram à beira do abismo.O governo avalia que 3 milhões de pessoas foram deslocadas desde 1999. Tensões emergiram no Delta do Níger rico em petróleo. Tão explosivas são as questões de identidade que o governo adiou um censo nacional há muito atrasado. A inquietação em larga escala não apenas sacudiria os mercados mundiais de petróleo, poderia também criar um pesadelo humanitário além de qualquer capacidade de resposta do governo.

Houve alguns vencedores no índice de 2005, particularmente no Hemisfério Ocidental. Se bem que as políticas econômicas podem não ter beneficiado a maioria dos venezuelanos, sua escaldante retórica anti-americana com binada com os altos preços do petróleo o têm ajudado a solidificar o poder e estabilizar o país, pelo menos no curto prazo. A Guatemala e a República Dominicana também melhoraram significativamente em relação a 2004. E, nos Balcãs, o empurrão da União Européia ajudou a colocar a Bósnia-Herzegovina no caminho da recuperação.

A venalidade e a vulnerabilidade comumente viajam juntas. O índice de 2005 mostra uma forte correlação entre a percepção de corrupção da Transparência Internacional e a instabilidade de um Estado. Oito dos 10 países mais estáveis também aparecem entre os 10 menos corruptos. O Chile - amplamente reconhecido como o país menos corrupto da América Latina - é também o mais estável da região. O Paraguai, que tem uma grande economia "cinzenta", é um dos poucos países com terrível resultado de corrupção que não está à beira do colapso.

O Iraque e o Afeganistão podem ter se livrado de regimes abusivos, mas não se encontram no caminho da estabilidade - pelo manos ainda não. Ambos os países tiveram eleições bem-sucedidas e ambos têm novas constituições. Mas eles ainda se classificam entre os Estados mais vulneráveis do mundo, e seus resultados pioraram em relação aos de 2004.

Para o Iraque, a categoria do índice que mais piorou foi a fuga humana. O êxodo da classe profissional do Iraque se acelerou, deixando o país sem os cidadãos treinados de que precisa para ocupar postos importantes.

O dilema do Afeganistão é diferente. A queda do Taliban detonou um maciço retorno de avassaladoramente pobres refugiados afegãos do Paquistão e do Irã. Mas os profissionais afegãos, muitos estabelecidos nos EUA e na Europa, têm sido mais lentos em retornar. O resultado é a capital, Cabul, rasgando nas costuras mas carente de administradores treinados.

O índice de 2005 mostra alguns pontos luminosos no Iraque: o resultado do país relativo a serviços públicos melhorou marginalmente, e suas instituições pareceram ganhar mais legitimidade, talvez como resultado das eleições nacionais de que os sunitas participaram em grande número pela primeira vez. Os insurgentes, entretanto, trabalham duro para desfazer este progresso, e muitos iraquianos educados decidiram observar do exterior.

No Afeganistão, os sucessos do país - outra rodada de eleições, uma leve melhora em serviços públicos, e uma redução da desigualdade econômica - foram ofuscados pela continuada insurgência Taliban no sul e no leste. As táticas empregadas pelos experientes revoltosos iraquianos, incluindo bombas nas estradas e ataques suicidas, migraram para o Afeganistão. Isso dificilmente é o tipo de expertise de que precisa o país.

Quando as pessoas nos Estados frágeis votam, isso é comumente saudado como boas novas. Em 2005, mais de 50 milhões de pessoas em Estados politicamente vulneráveis visitaram a urna. Os resultados foram decididamente misturados. A votação tem várias virtudes, mas a promoção da estabilidade não é necessariamente uma delas.

Algumas vezes, a eleição exacerba perigosas divisões étnicas e religiosas. A frágil paz do Sri Lanka foi abalada depois que a maioria dos tamils boicotaram a votação de novembro passado. Muitos outros governos usaram as eleições como um verniz para esconder o autoritarismo à velha moda, incluindo a Etiópia, o Irã, o Tajisquistão, Uganda, Uzbequistão, e o Zimbábue. Os políticos de oposição em cada país enfrentaram a intimidação ou a violência com a aproximação das eleições e perspectivas de estabilidade agora parecem desanimadoras. O Zimbábue, em particular, está no limiar do desastre.

Em alguns casos, na verdade, as eleições ajudam na rota para instituições estáveis. A Indonésia, por exemplo, passou por sua primeira disputa presidencial de todos os tempos em setembro de 2004. O presidenteSusilo Bambang Yudhoyono tem recebido, de maneira geral, altas notas, e muitos dos indicadores políticos do país melhoraram no índice de 2005. Na Libéria, a dramática vitória de Ellen Johnson Sirleaf, a primeira mulher eleita chefe de Estado na África, foi um raro momento luminoso nesse conturbado país.

Se as eleições raramente curam rapidamente sociedades alquebradas - e podem piorar as coisas - ainda vale a pena atravessar os processos democráticos? Em um mundo ideal, sociedades em transiçãopoderiam adiar eleições divisivas até que questões fundamentais de religião, etnicidade e identidade tenham sido resolvidas.

No mundo real isso é impossível. O desejo de votar é tão grande e a pressão internacional pela democratização tão forte que os países são forçados a fazer experimentos com formas de democracia antes de dominar sua substância.

As crianças podem ser o futuro, mas os países jovens freqüentemnete têm pouco a seu favor. Os países mais vulneráveis no índice têm todos populações extremamente jovens, e a maioria tem uma idade média de menos de vinte anos. O país menos estável do mundo, o Sudão, tem uma idede média de 18 anos. Todos os países mais estáveis têm médias de idade superiores a 33 anos. O antigo mundo comunista, todavia, possui uma população em envelhecimento acoplada a freqüentemente fracas instituições. Crises de pensões nesses países podem se tornar particularmente severas, enquanto governos frágeis têm dificuldades em fazer as pontas se encontrarem.

Manter boas relações com Estados vizinhos é difícil nas melhores das circunstâncias. Disputas de fronteiras, competição econômica, o contrabando e tensões étnicas podem esgarçar mesmo fortes laços de vizinhança. Compartilhar uma fronteira é muito mais complexo quando seu vizinho é um Estado fracassado.

Alguns países estáveis têm Estados desmoronantes à sua porta. A África do Sul, uma usina regional, compartilha uma fronteira de cerca de 250 km com o destroçado Zimbábue de Robert Mugabe, que caiu 14 pontos no índice de 2005. A repressão política de Mugabe e políticas de terra maléficas têm enviado um fluxo semanal de 1000 cidadãos para a África do Sul. Na Península Arábica, o relativamente próspero e moderado Omã está situado próximo ao Iêmen, que é acossado por extremistas islâmicos e governança fraca. Talvez o estranho casal mais importante e volátil esteja na Ásia Oriental, onde as Coréias do Sul e do Norte olham furiosamente uma para a outra através da fronteira mais militarizada do mundo.

Tecer uma estratégia relativa a um vizinho em declínio é um processo delicado. Um enfoque tentador é fechar as escotilhas, garantir as fronteiras e tentar colocar o Estado fracassado em quarentena para que seu fracasso não vaze. O Omã, por exemplo, selou sua fronteira com o Iêmen. Mas o isolamento raramente funciona. Mesmo as fronteiras mais seguras podem vazar refugiados, criminosos, e drogas (do que dá testemunho a experiência dos EUA com o México). A ação militar total para substituir um governo em desmoronamento ao lado por algo mais palatável foi tentado, como quando a Tanzânia invadiu a vizinha Uganda para derrubar Idi Amin Dada em 1979. Mas a intervenção militar é uma opção perigosa e cara, de resultados altamente incertos.

Freqüentemente, o vizinho mais estável tenta amparar o Estado em decomposição na esperança de que o tempo o curará. O governo da África do Sul, por exemplo, tentou proteger o regime de Mugabe de sanções internacionais, talvez temeroso de que medidas mais firmes empurrasem o Estado para o abismo. De maneira semelhante, Seul resistiu à pressão dos EUA para um posicionamento mais duro contra Piongiang enquanto a Coréia do Norte persegue a posse de armas nucleares. Mudanças de regime podem atrair países a milhares de quilômetros de distância, mas raramente é uma escolha popular para o país da porta ao lado.





Tuesday, September 05, 2006

Resposta ao Irã

O presidente do Irã, Ahmadinejad, e o repressivo regime iraniano que ele representa pagaram para ver o blefe do mundo: o prazo-limite do Conselho de Segurança da ONU que estipula o congelamento do programa de enriquecimento de urânio do país islâmico chegou e foi embora na semana passada. A AIEA, a Agência da ONU encarregada da inspeção nuclear, confirmou, na terça-feira passada, que Teerã tinha recentemente começado uma nova rodada de enriquecimento de urânio. Mas um cada vez mais atrevido Ahmadinejad desafiou o Conselho de Segurança, confiante em que os crescentes laços econômicos iranianos com a Rússia e a China o protegerão de sanções.
Seis potências mundiais se reunirão para decidir como reagir à última esnobada do Irã. É imperativos que elas mostrem a espinha dorsal que até agora não apareceu. O fanático governo do Irã ainda nada pagou por não ter revelado suas atividades nucleares, todavia plenamente confirmadas. Ninguém pode ter dúvidas de que ele tenta conseguir armas atômicas, vilando seus compromissos sob o TNP. Se o Irã fosse uma pacífica democracia poderia gozar do benefício da dúvida. Mas um regime totalitário, com suas eleições fraudadas, suas repetidas e horrorosas violações de direitos humanos, seu pródigo financiamento de organizações terroristas como o Hezbollah, sua fermentação de uma guerra civil no Iraque, e suas promessas de varrer Israel do mapa (de braço dado a sua malevolente negação do Holocausto), significam que o benefício da dúvida não pode ser tolerado.

O relatório da semana passada da AIEA declara que o Irã não suspendeu suas atividades de enriquecimento, mas começou a trabalhar em novo lote em 24 de agosto.