Monday, August 28, 2006

Irã: Hora de Decidir

Como vimos, a vitória inconteste, apesar dos percalços iniciais, da recente luta no Líbano entre Israel e o Hezbollah coube a Israel (ver A Vitória Escondida).

Em entrevista ontem, 27 de agosto, a uma TV libanesa Hassan Nasrallah, o chefe do Hezbollah, afirmou que "Se tivéssemos sabido que o seqüestro dos soldados teria levado a isto, nós definitivamente não o teríamos realizado". Acrescentou que nenhuma das partes "se encaminhava para uma segunda rodada" do conflito. Prosseguiu Nasrallah: "Nós não pensávamos que houvesse uma chance de 1% de que o seqüestro levasse a uma guerra desta escala e magnitude".
"Agora você me pergunta, se agora fosse 11 de julho e houvesse uma possibilidade de 1% de que o rapto levaria a uma guerra como a que aconteceu, você levaria em frente o seqüestro?"
"Eu diria não, definitivamente não, por razões humanitárias, morais, sociais, de segurança, militares e políticas".
Nem eu, nem o Hezbollah, nem os prisioneiros nas cadeias israelenses e nem as famílias dos prisioneiros aceitaríamos isso".
Seria difícil uma confissão mais cabal e detalhada da enorme derrota militar, estratégica, moral e política (esta a emergir em plena força dentro de algum tempo, quando a decantação se completar) do Hezbollah e de seus aliados externos, o Irã e a Síria.
Ora, o Irã já está metido em graves complicaçôes com as potências ocidentais e as de inclinações político-social-econômicas convergentes, digamos as W+, relativamente à sua política nuclear em curso.
A continuação dessa política de enriquecimento de urânio é inaceitável, totalmente intolerável para as W+. Penso que corretamente.
Uma linha deve ser riscada no chão e as W+ devem pura e simplesmente dizer: "Daquí ninguém passa". Sob qualquer custo.
Pode até parecer injusto, mas é o que tem que ser. Especialmente com regimes do tipo rogue como os do Irã e da Coréia do Norte. Mas, realmente, ninguém mais deve ter, sim, a permissão de entrar no já inflado clube nuclear, sob pena do Armagedon. Esta tem que ser a cláusula pétrea das W+. A base de sua diplomacia sobre o assunto.
Os 5+1 já se manifestaram em relação ao Irã; receberam sua resposta tardia, e evasiva, procrastinadora, a 22 de agosto.
O CS já deu ao Irã o prazo até 31 de agosto, três dias à frente, para que o Irã abandone seu programa nuclear, oferecendo incentivos e ameaçando sanções, estas não descritas.
Assim, a derrota do Hezbollah, significando também o enfraquecimento da doutrina radical do Irã, apresenta às W+ a auspiciosa oportunidade de, pelo exercício de pressão igual, aumentar seu efeito coercitivo sobre o governo iraniano no sentido de levá-lo a decidir, sob pressão intensa, se coopera ou colide com o resto do mundo, como entendido pelas W+.
Se o Irã decidir cooperar, o mundo se desanuvia e melhora em todos os apectos; se optar por continuar a colidir, qualquer ação de força inteligente proveniente das W+ (ou até de um só membro), mesmo de ordem militar, por exemplo um abrupto fait-accompli de um só golpe preciso, com exceção da invasão do Irã, será válida. (Pense-se no ataque ao reator Osirak.)

Até mesmo a atitude extrema acima sugerida será melhor que a procrastinação; tenderá, a médio prazo a melhorar o cenário do sistema internacional de Estados. O tresloucado governo iraniano ficará inicialmente aturdido e, em seguida, não saberá o que fazer, qual baratas tontas após a primeira fumigada do inseticida. E o incentivo à razão terá sido dado na única linguagem que é capaz de compreender: a do poder e da força.
A aproximação do prazo final do CS impõe às W+ e aos 5+1 (que se interpenetram de maneira fluida) atuação decisiva no tocante ao problema iraniano.

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